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Sexta-Feira | 11/11/2016
Joelma grava DVD com participação de Ivete Sangalo

São Paulo - Quem passou a madrugada desta quinta, 10, na casa de shows Coração Sertanejo, estabelecimento da Zona Sul da capital paulista em que Joelma gravou o DVD Avante - o primeiro de sua carreira solo - assistiu a um espetáculo singular.

O show anunciado aos 1.300 pagantes - que por sinal esgotaram os ingressos dois meses antes da apresentação em menos de 4 horas - seria, por si, robusto produto de entretenimento. Trouxe, além da cantora paraense famosa pelo bate-cabelo, outras duas convidadas de peso, que bem sabem como se faz para colocar multidões no bolso: Ivete Sangalo e Solange Almeida, da banda Aviões do Forró.

Mas foi o público em toda sua complexidade quem reinou absoluto no evento.

Fervendo na boate suburbana estrategicamente escolhida por Joelma como marco da nova fase de sua carreira, a plateia era o retrato de uma concentração da parada LGBT. Sua causa, contudo, é tão peculiar quanto fervorosa e estampada em faixas purpurinadas de amarrar na testa: uma cantora evangélica, que há pouco mais de 3 anos chegou a comparar homossexualidade ao vício em drogas, além de dizer que lutaria até a morte para converter um filho gay.

Os mistérios por trás da atração? Humano demais para o entendimento, o fenômeno foi definido pela própria Joelma, assim que pegou no microfone, por volta de 2h30 da manhã: Força estranha. A de Caetano Veloso, no caso, canção com que ela abriu o show.

Quem porventura insistir e tentar buscar explicações junto aos fãs, só encontrará... amor. Derramado como o de Rubens Henrique, de 18 anos, que descolou um cartão de crédito emprestado para adquirir um ingresso para a gravação do DVD da diva nortista. Ao som de Game over, segunda canção do setlist de Joelma, ele diz que nem dá notícias das polêmicas declarações que ela deu no passado. "Olha, Joelma pra mim é tudo. Amo desde que tinha 6 anos. Essas coisas que ela falou, eu nem sei se é verdade mesmo. E eu não deixo isso me afetar também não, não sou de açúcar", diz.

Do mesmo sentimento compartilha Maya Oliveira, mulher trans de 34 anos que é dona de casa e ganhou um "vale night" do marido ciumento para curtir a "ídola". "Ah, essa história dela contra a comunidade LGBT é muito mal contada, né? A mídia também é f..., põe frases fora de contexto na boca das pessoas", defende.

Dor de cotovelo

Já Chimbinha- o ex-marido e companheiro profissional dos tempos da banda Calypso de quem Joelma se separou recentemente - ninguém perdoa. Numa espécie de catarse de quem está se curando de profundas dores de cotovelo, a paraense puxou, emocionada, os inflamados hits Não teve amor (tem coisas na vida que a gente não perde, a gente se livra) e A página virou (Pra frente é que se anda / Pra frente se deve andar). Nas duas músicas, contou com o coro entregue e solidário dos fãs, que aproveitaram para expurgar as próprias dores de amor. Comovida, agradeceu o apoio: "Obrigada por transformarem minha tristeza em alegria".

No embalo de Ivete Sangalo, pessoalmente convidada pela nortista, o clima foi de delírio. A canção Amor novo, que as amigas não ensaiaram previamente, teve que ser repetida três vezes até que o tom fosse acertado. A impressão foi de que o público teria aplaudido outras 30 tentativas.

Solange Almeida coroou o momento "sororidade feminina", ao entoar ao lado da colega a música Mulher não chora. "Vim prestigiar essa mulher batalhadora. Porque nós somos dessas e quem quiser amar a gente que sofra."

Três trocas de roupa depois, a passarela em formato de bota (marca registrada de Joelma), iluminada sem economia com luzes de led, recebia os três filhos da ex-vocalista do Calypso: Yago, Nathália e Iasmin. Era hora do momento gospel. Com lágrimas nos olhos e mãos erguidas para o céu, a família cantou o faixa O amor de Deus.

Com uma das mãos para cima, outra no peito, a plateia orou junto.

Quarto e último bloco da gravação, momento do amém final, ao som de antigos sucessos do Calypso.

Cinco da manhã: bis e fim de culto.

fonte: uai