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Fotos: Gabriel Bonfim/G1
Terça-Feira | 17/09/2019
Insumos vencidos há 10 anos são encontrados durante vistoria na Zoonoses de Uberaba

Caixas com seringas e anestésicos vencidos foram encontrados em sótão do Departamento de Controle de Zoonoses e Endemias de Uberaba, nesta segunda-feira (16). A informação é do vereador Thiago Mariscal (MDB), que esteve no local acompanhado do deputado estadual Cleitinho Azevedo (Cidadania) e do deputado federal André Janones (Avante).

Além dos insumos fora da validade, Mariscal vivenciou um problema na infraestrutura do local. Ele caiu do sótão quando o forro de gesso cedeu. Com a queda, o vereador fraturou a coluna. Também por conta do incidente, ocorrido por volta das 9h30, o parlamentar não esteve presente na sessão plenária da Câmara Municipal de Uberaba desta segunda.

Outros materiais fora da validade foram encontrados durante uma inspeção da própria Secretaria Municipal de Saúde (SMS) na tarde desta segunda (veja abaixo). Ao todo, a pasta já quantificou 200.529 itens vencidos. Segundo o Município, produtos foram adquiridos pela gestão passada. Todos os materiais estavam vencidos com datas entre 2003 e 2013, conforme apuração inicial que ainda será detalhada por sindicância administrativa.

Mariscal explicou que foi até o Departamento apurar mais uma denúncia recebida. "A gente é procurado por várias pessoas. Algumas denúncias são ‘sem cabeça', outras não. Então, a gente vai a campo e avalia", afirmou, sem revelar o autor da queixa.

O parlamentar também esclareceu que estava cumprindo agenda de fiscalização. "Como venho sendo barrado no meu trabalho, tive que chamar os deputados, que também vêm fiscalizando e mostrando a incompetência dos gestores", justificou.

O secretário de Saúde, Iraci Neto, informou que não sabia da existência dos insumos vencidos. Ele acredita que os materiais são de repasses do Estado para a campanha antirrábica.

"A gente não sabe se é uma forma de esconder de uma gestão lá de 2008, 2009. Estamos falando de insumos de 10 anos atrás, de uma gestão anterior a do prefeito Paulo Piau e à nossa", afirmou.

O chefe da SMS tratou a visita dos parlamentares ao local com "invasão". "Viemos ver o que estava acontecendo porque, de fato, houve de certa forma uma invasão, já que você tem que estabelecer uma notificação para visitar o equipamento público, até para que possa ser acompanhamento por um responsável que dará os esclarecimentos", declarou.

A expectativa, conforme ele, é que os itens sejam catalogados e incinerados, conforme prevê a legislação.

Para Mariscal, é inconcebível agendar qualquer ação de fiscalização. "Eu não vou fazer agendamento. Como eu vou agendar uma visita para descobrir se algo está errado? Quando eu chegar lá, não vai ter mais nada. Cheguei sem avisar e vou chegar sem avisar mesmo", rebateu.

O G1 solicitou informações à Prefeitura de Uberaba sobre o estado do forro de gesso, quando ocorreu a última inspeção da estrutura, e quando será reparada. Em nota, o Executivo informou que, "ante aos danos ao bem público, boletim de ocorrência deve ser lavrado para responsabilizar o vereador Thiago Mariscal pela depredação da laje do espaço".


Estado de saúde
Thiago Mariscal está de repouso em um hospital privado da cidade. O estado de saúde dele é estável. "Recebi um atestado de 15 dias, mas não vou ficar esse tempo todo parado. Vou voltar para o trabalho o mais breve possível. Quero votar um projeto meu da Saúde ainda nesta quarta", afirmou, pontuando que deverá usar colete por conta da fratura na coluna.


Mais materiais vencidos
Após a denúncia do vereador, uma equipe da própria Secretaria Municipal de Saúde esteve no Departamento de Controle de Zoonoses e Endemias para realizar uma inspeção no local e mais materiais fora da validade foram encontrados. A pasta informou que a atual gestão desconhecia os itens armazenados de forma incorreta e que, além de medidas cabíveis, todos os prédios da Saúde serão vistoriados.

Conforme a SMS, em todos os telhados da área da Zoonoses foram localizadas caixas escondidas nas lajes, em quantidades suficientes para demanda de até 5 anos. Todos os itens estavam vencidos com datas entre 2003 e 2013, conforme apuração inicial que ainda será detalhada por sindicância administrativa.

Ainda de acordo com a pasta, junto aos insumos estava um saco com papéis e documentos datados de 2010 e identificados com a marca da gestão municipal passada, do ex-prefeito Anderson Adauto. "Os papéis indicam que os materiais foram oriundos de doação do Estado para fins de castração e campanha antirrábica naquela época", informou a Secretaria.

Além disso, peritos da Polícia Civil estiveram no local e a Secretaria de Saúde também acionou o Ministério Público para os procedimentos necessários.

Depois de analisados, os materiais vencidos devem ser descartados conforme as normas sanitárias vigentes.

A produção do MG2 entrou em contato com o ex-prefeito Anderson Adauto e aguarda resposta.

Confira o número de materiais já quantificados:

- Seringas: 92.050
- Agulhas: 105.000
- Scalp: 1.850
- Quifitrim: 1.050 comprimidos
- Lindocaina: 9 frascos
- Penicilina: 60 frascos
- Catgut (fios de sutura): 360
- Equipo Macro - 150

Fonte: G1

 



Fotos: Gabriel Bonfim/G1